Os países da NATO concordaram, numa reunião com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, que fornecer sistemas de defesa aérea para proteger as infraestruturas do país contra os ataques russos tem de ser uma prioridade, afirmou o secretário-geral da Aliança, Mark Rutte.
“Estou confiante de que os aliados acompanharão nos próximos dias e semanas para garantir que tudo o que puderem fornecer à Ucrânia será fornecido."
Zelensky pede reforço contra avanços russos
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, apelou no tradicional discurso noturno a um grande reforço dos sectores no leste da Ucrânia da linha da frente de mil quilómetros, onde as forças russas têm feito ganhos consistentes nos últimos meses.
O apelo de Zelensky aconteceu numa altura em que o Ministério russo da Defesa afirmava que as suas tropas tinham capturado duas novas aldeias na linha da frente - uma na região de Donetsk, o principal foco da guerra de 33 meses, e outra mais a sul, na região de Zaporizhia.Os Estados Unidos, maiores fornecedores de ajuda militar à Ucrânia, anunciaram na segunda-feira o seu último pacote de ajuda militar, avaliado em cerca de 725 milhões de dólares. Mas Kiev está preocupada com a continuação do fluxo de armas sob o presidente eleito Donald Trump, que prometeu pôr um fim rápido à guerra.
“As direções de Donetsk requerem um reforço significativo, o que envolve particularmente o fornecimento de armas pelos nossos parceiros”, realçou Zelensky.
“É uma relação direta: Quanto maior for o poder de fogo e as capacidades tecnológicas do nosso exército, mais destruiremos o potencial ofensivo da Rússia e protegeremos a vida dos nossos soldados.”
Para Zelensky, a chave é aumentar as capacidades de longo alcance da Ucrânia, em parte através do aumento da produção doméstica de armas.
O Ministério da Defesa da Rússia revelou que suas forças capturaram a vila de Romanivka, ao sul da cidade em conflito de Kurakhove, na região de Donetsk. Também disse que as forças de Moscovo assumiram o controlo de Novodarivka, logo após a fronteira na região de Zaporizhia.Esta quarta-feira, a Força Aérea da Ucrânia revelou que abateu 29 dos 50 drones lançados pela Rússia na última noite.
O Estado-Maior ucraniano afirmou que as forças russas tinham lançado 38 ataques perto de Kurakhove, mas não fez qualquer referência a Romanivka. Nem confirmou que Novodarivka tivesse caído nas mãos dos russos, mas mencionou a aldeia como uma das áreas que estão a ser atacadas pelos russos.
Zelensky, numa publicação no Telegram, onde citou o comandante Syrskyi afirmou que as condições eram difíceis em torno de Kurakhove e Pokrovsk, outro alvo dos avanços russos mais a norte. Mas também falou de resultados “bastante bons” na defesa da região de Zaporizhia.
Segunda oportunidade aos soldados em fuga
À medida que o exército ucraniano se esforça por encontrar tropas suficientes, em particular de infantaria, para aguentar o exército muito maior da Rússia, algumas unidades estão a dar uma segunda oportunidade àqueles que fugiram do serviço.
Os dados do Ministério Público revelam que, desde 2022, foram abertos cerca de 95 mil processos penais contra soldados “ausentes sem licença” (AWOL) e pelo crime mais grave de deserção no campo de batalha.
O número de casos aumentou acentuadamente em cada ano da guerra: quase dois terços do total são de 2024. Com muitas dezenas de milhares de soldados mortos ou feridos, trata-se de um esgotamento que a Ucrânia não pode permitir-se.Atualmente, algumas unidades estão a refornecer as suas fileiras aceitando soldados anteriormente declarados AWOL.
Segundo a Reuters, uma delas é a 47ª Brigada de elite da Ucrânia, que numa publicação nas redes sociais no mês passado convidou os soldados que tinham fugido a regressarem aos combates.
“O nosso objetivo é dar a todos os soldados a oportunidade de regressarem ao grupo e realizarem o seu potencial”, lia-se na publicação. Nos primeiros dois dias, segundo a brigada, foram recebidas mais de 100 candidaturas.
Duas unidades militares com as quais a Reuters falou disseram que só estavam a recrutar soldados que tinham desaparecido das suas bases, em vez de recrutarem aqueles que tinham desertado de combate.
O primeiro é visto no seio das Forças Armadas ucranianas como uma força menor. Um projeto de lei recentemente aprovado descriminalizou o primeiro desaparecimento de um soldado, permitindo o seu regresso ao serviço.
O coronel Oleksandr Hrynchuk, vice-chefe da polícia militar ucraniana, disse aos jornalistas na terça-feira que seis mil soldados que tinham desaparecido tinham regressado ao serviço no último mês, três mil dos quais nas 72 horas desde que a lei foi assinada.
Zelensky respondeu às perguntas sobre o problema de militares argumentando que a Ucrânia tem falta de armas e não de pessoas, e resistiu à pressão dos EUA para baixar a idade mínima de recrutamento de 25 para 18 anos.
Numa entrevista à Sky News, na semana passada, afirmou que as Forças Armadas de Kiev tinham conseguido fornecer o equipamento necessário para apenas um quarto das dez novas brigadas que a Ucrânia formou no ano passado.